sábado, 10 de janeiro de 2009

Frio...brrrrrrrrrrrrrrrrrr


As imagens mostram o belo
Num entardecer gelado
Que apesar do tilintar dos dentes
Cobre-o o céu, todo estrelado!
O nosso olhar sobre a cidade
Aquece quem por lá passa
Não fosse o avançar da idade
Sentava, a observar a praça
Carros vêm, carros vão
Apressados a fugir do frio
Não sentem a vã solidão
De quem sente o arrepio!
Um cobertor de cartão
Serve de aconchego ao muribundo
Não lhe vi deitar a mão
Não senti melhor, o mundo!
Talves este olhar seja
Apenas um olhar mendigo
Que de tanta miséria que viu
Também se sente ferido!
O frio está lá fora
E não afecta a minha casa
Mas gela-me a alma sentir
Que "há pássaros feridos na asa"!
Uma sociedade vã
Que não acolhe os vulneráveis
Caminha para a solidão
Por não alimentar os miseráveis.
Miseráveis estão de afectos
De cobertores e lareiras
Não sabem o que são alimentos
Não conhecem o calor das fogueiras!
Não nos valem os homens de hoje
De fato e gravata vestidos!
Não veem os miseráveis
Não reconhecem os mendigos!
A sociedade é solidária
E ajuda em época natalícia
Mas cai um nevão em Janeiro
E a solidariedade já não é noticía!
Sejamos mais francos uns com os outros
Deitemos a mão à necessidade
Não façamos ouvidos moucos
Não ignoremos a sociedade!


3 comentários:

  1. Olá Luisa,
    está realmente um frio de rachar, e que pena tenho que os mendigos que estão lá fora, na rua, não possam ler este seu lindo grito de solidariedade para quem sofre.
    Tem toda a razão, a época Natalícia já lá vai, o novo Ano já entrou e o espírito natalício já adormeceu... É triste, mas é verdade, é assim que a mente Humana funciona.

    Adorei este poema, muito profundo e sentido!

    Beijinhos,
    Ana Martins

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  2. Querida Ana,

    este olhardeperto sofre com o que vê mas actua...só por isso consigo falar!
    Um beijinho muito grande, cheio de frio!

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  3. Difícil imaginar o frio, com o calor que faz deste lado do oceano, mas gosto do inverno...apesar de todas as dificuldades, é a época mais introspectiva, mais rica em poesia, porque se o corpo padece do frio, a alma não, ela produz e produz coisas lindas, como a que escreveu...
    um abraço

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